No mês de julho a Rede de Leitura Inclusiva retornou à cidade de São Luís – MA, numa programação de dois dias, para dar continuidade às parcerias em prol da leitura para todos os públicos com deficiência.
A oficina Conversa Sobre Meus Livros aconteceu no dia 26 (quarta-feira) na Biblioteca Pública Benedito Leite. O evento contou com a presença do jornalista e escritor, Ednilson Sacramento, da audiodescritora Cristina Kenne e da educadora, jornalista e articuladora Perla Assunção, falando sobre (des)igualdade de oportunidade e de acesso ao livro, leitura e informação.
Narjarah Paz é audiodescritora, esteve na oficina e conta que se apaixonou pela audiodescrição após conhecer os trabalhos de Ednilson Sacramento e Cristina Kenne. Na opinião de Narjarah ainda há muito a avançar na garantia dos direitos das pessoas cegas e com baixa visão. “Muitas pessoas videntes (que não possuem deficiência visual) não sabem que para acessibilizar o conteúdo do livro existem livros falados, livros em braille e que é difícil encontrá-los. Perla nos deixou muitas informações acerca do acervo disponível na Dorinateca. Foi um prazer saber que a Fundação Dorina Nowill tem livros acessíveis com títulos variados”.
Sobre sua atuação como audiodescritora, Narjarah destacada que um dos maiores desafios que identifica nas tentativas de acessibilização é a falta de objetividade. É comum encontrar instituições cheias de boa vontade, mas sem orientação e preparo, que ao tentar acessibilizar um conteúdo que possui muita informação gráfica, preocupam-se em descrever os mínimos detalhes da imagem e esquecem do que de fato é importante comunicar: o tipo de evento, local, data, hora. Ela conta já ter ouvido de uma pessoa cega sobre alguns profissionais da área adicionando tantas informações que confudem o público alvo, principalmente quando trata-se de audiodescrição ao vivo.
No Sesc São Luis aconteceu, durante os dias 24, 25 e 26 de julho, a Oficina de Audiodescrição para Redes Sociais, uma ação do projeto Mãos à Obra: Múltiplas Acessibilidades Culturais. A Rede de Leitura contribuiu para o debate na tarde do dia 26, com a proposta de trazer noções básicas de como audiodescrever imagens em diversos contextos.
Já na quinta (27) a Biblioteca Pública Municipal José Sarney sediou a Roda de Leitura Inclusiva, onde apesar de ser período de férias escolares diversos parceiros estiveram presentes, somando e fortalecendo a conversa sobre obras literárias em formatos acessíveis e infinitas possibilidades existentes nos livros.
A produção de livros em formatos acessíveis é respaldada pela lei 13.146/2015 que garante o direito de acesso às obras intelectuais nestes formatos. Entende-se como formatos acessíveis para pessoas cegas e com baixa visão: ampliação de caracteres, diferentes contrastes, impressão em braille, arquivos que podem ser reconhecidos e acessados por softwares leitores de telas ou outras tecnologias assistidas, permitindo leitura em voz sintetizada.
Uma das ferramentas fundamentais para a mediação de leitura inclusiva é a audiodescrição, comumente direcionada a pessoas deficiência visual, pode beneficiar outros públicos com outras deficiências e idosos. É normalmente utilizada em produtos e serviços culturais, educacionais e de entretenimento, através da disponibilidade das descrições de diversas maneiras, permitindo um acesso mais amplo e suprindo uma deficiência que esses produtos e serviços tinham para contemplar a todos.
Com o intuito de qualificar nossas práticas inclusivas, a Rede de Leitura está ofertando gratuitamente o Curso de Introdução a Audiodescrição, com certificado, para nossos parceiros. As vagas são limitadas. Se você tem interesse entre em contato com sua articuladora de referência no grupo de WhatsApp de sua região.