Visita a Xanxerê é marcada pela formação do primeiro GT de Leitura Inclusiva do Oeste Catarinense

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Xanxerê é município de Santa Catarina e nos dias 23, 24 e 25 de agosto, recebeu pela primeira vez a equipe da Rede de Leitura Inclusiva que há um ano articula parceiros na região.

Já no dia 23/09 a articuladora e assistente social Maria Melo e a coordenadora de produção acessível com foco em braille Bárbara Carvalho visitaram a APAE da cidade e a Biblioteca Municipal Caldas Júnior para fortalecer vínculos e conhecer a diversidade das comunidades.

Imagem com livros em braille e tinta/braille dispostos sobre uma mesa retangular. Em primeiro plano vemos marca páginas com o alfabeto em braille e o logo da Fundação Dorina Nowill para Cegos que é um emoji amarelo sorrindo usando óculos escuros.
Imagem com texto alternativo

No dia 24/09 aconteceu a Oficina Completa de Leitura Inclusiva, com duração de 8 horas, no auditório da Coordenadoria Regional de Educação de Xanxerê.

Leonardo Geuda é DJ e homem cego, ele entende a importância de levar inclusão e informação às pessoas videntes e também às pessoas cegas que moram em regiões remotas, tendo pouco ou nenhum acesso às tecnologias assistivas e ao braille: “É bem bacana que a gente possa ter acesso à literatura e a livros, como as pessoas videntes”. Leonardo possui em seu celular um aplicativo capaz de ler livros em tinta e incentiva que haja mais atividades formativas visando a popularização de recursos para pessoas cegas e baixa-visão.

Em um momento da oficina os participantes receberam máscaras para os olhos, ouviram a leitura de uma obra literária acessível e a partir desta provocação compartilharam sensações.

A estratégias usadas na oficina tornaram a experiência ainda mais proveitosa, como pontua Indianara Tonello que é professora na cidade: “Maria e Bárbara possuem uma experiência significativa, uma maneira didática para passar o conteúdo de forma lúdica, auxiliando e incentivando o trabalho em grupo e o pensamento”.

Estreitando parcerias pela inclusão

A manhã do dia 25/09 foi marcada pela visita à APADAVIX (Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Auditivos e Visuais de Xanxerê), uma ONG com a finalidade de promover o esporte, lazer, orientação familiar, pedagógica, psicológica e convívio social e inclusão do cidadão: surdo, cego, baixa-visão e surdo-cego no contexto social.

Patrícia Machado tem baixa-visão, é discente em educação especial na UNOPAR e esteve presente nos dois dias de oficinas da Rede de Leitura. Patrícia conta que na infância foi alfabetizada em braille e que os cálculos matemáticos eram feitos mentalmente ou na máquina braille. Em 2022 mudou-se para Xanxerê, começou a frequentar a APADAVIX e teve contato com o Soroban, ábaco japonês utilizado por pessoas com deficiência visual como recurso educativo específico para aprendizagem de cálculos matemáticos: “É a calculadora do cego. Até o momento aprendi as quatro operações básicas e agora estou aprendendo a raiz quadrada. Todo o conhecimento que tenho com o Soroban adquiri com o professor Ricardo”.

A atividade da Rede de Leitura no período da tarde teve como objetivo principal a Formação do Grupo de Trabalho de Leitura Inclusiva do Oeste Catarinense e contou com um momento onde Patrícia Machado compartilhou seu saber sobre Soroban, enriquecendo ainda mais o encontro.

Brenda Veleda atua como bibliotecária na Coordenadoria Regional de Educação de Xanxerê e acredita que as provocações e conteúdos discutidos no encontro foram essenciais para que as escolas e espaços culturais estejam preparados para atender a todos os alunos: “A oficina foi incrivelmente enriquecedora para mim. Como bibliotecária, tive a oportunidade de explorar, aprender e debater diversos aspectos relacionados à representatividade e inclusão na literatura. A partir dessas experiências, sinto-me preparada para aplicar os novos conhecimentos, incluindo a mediação de leitura, onde/como adquirir livros acessíveis e também ideias para a implementação de diversas ações de incentivo à leitura que foram apresentadas no dia, todas com foco na inclusão e acessibilidade. A leitura deve ser amplamente acessível a todas as pessoas, e essa oficina nos proporcionou mais insights e alternativas para alcançar esse objetivo”.

Concluímos este tempo especial em Santa Catarina participando do encerramento da Semana Literária realizada na Unoesc Xanxerê que teve como objetivo incentivar a formação de novos leitores.

Continue acompanhando as andanças da Rede de Leitura em nosso desafio de construirmos juntos sociedades inclusivas.


Texto de Amanda Silva – educadora na Rede de Leitura Inclusiva da Fundação Dorina Nowill para Cegos
Publicado em 06/09/2023 às 7h33 – Atualizado em 21/09/2023 às 16h35