Governo inclui população com deficiência no grupo prioritário de vacinação contra covid

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Foto de uma pessoa de camisa xadrez azul marinho e branca recebendo uma ineção no braço esquerda dada por outra pessoa de avental branco e luvas azuis que segura uma seringa
Foto de uma pessoa de camisa xadrez azul marinho e branca recebendo uma injeção no braço esquerda aplicada por outra pessoa de avental branco e luvas azuis que segura uma seringa. Crédito: Gustavo Fring no Pexels

 

O governo federal incluiu a população com deficiência na lista de grupos prioritários para a vacinação contra a covid-19. O Plano Nacional está publicado na página do Ministério da Saúde, com atualizações feitas nesta sexta-feira, 19.

“Além dos indivíduos com maior risco para agravamento e óbito devido às condições clínicas e demográficas, existem ainda grupos com elevado grau de vulnerabilidade social e, portanto, suscetíveis a um maior impacto ocasionado pela covid-19”, diz o ministério.

“Pessoas com deficiência têm encontrado diversas barreiras para adesão a medidas não farmacológicas”, ressalta a pasta.

Na tabela atualizada do plano, 6.472 pessoas com deficiência que vivem em instituições e 7.749.058 com deficiências permanentes foram incluídas.

Plano atualizado nesta sexta-feira, 19, contempla 7,7 milhões de pessoas, entre surdos, cegos, indivíduos que vivem em instituições e também com deficiências intelectuais. Documento do Ministério da Saúde não cita autistas.

“Pessoas com deficiência que vivem em residência inclusiva (RI), que é uma unidade ofertada pelo Serviço de Acolhimento Institucional, para jovens e adultos com deficiência”, esclarece o documento. “Deficiência autodeclarada e documento que comprove a residência. Orienta-se a vacinação no local, contemplando também os trabalhadores desses locais”, ressalta o ministério.

“Para fins de inclusão na população-alvo para vacinação, serão considerados indivíduos com deficiência permanente aqueles que apresentem uma ou mais das seguintes limitações: 1 – Limitação motora que cause grande dificuldade ou incapacidade para andar ou subir escadas. 2 – Indivíduos com grande dificuldade ou incapacidade de ouvir mesmo com uso de aparelho auditivo. 3- Indivíduos com grande dificuldade ou incapacidade de enxergar mesmo com uso de óculos. 4- Indivíduos com alguma deficiência intelectual permanente que limite as suas atividades habituais, como trabalhar, ir à escola, brincar, etc”, detalha o ministério.

O Ministério da Saúde manifestou nesta semana a intenção de compra de mais 30 milhões de doses da Coronavac, vacina produzida pelo Instituto Butantan. A expectativa é de receber o novo lote entre outubro e dezembro. Essa remessa se somará aos 100 milhões de doses já compradas do imunizante. O instituto paulista diz que a proposta está sob análise.

Até agora, o Butantan já entregou 9,8 milhões. A previsão é de entregar até abril, ao todo, 46 milhões. Outros 54 milhões de unidades restantes serão enviados até o fim de agosto. As previsões, no entanto, podem ser alteradas por causa da dificuldade de o Butantan conseguir os insumos para fabricar a vacina, que vêm da China. Em janeiro, a demora de Pequim para a liberação dessa matéria-prima atrasou o cronograma.

A gestão João Doria (PSDB) culpou a falta de organização do ministério e de habilidade diplomática do governo Jair Bolsonaro pelo atraso na liberação dos insumos, que só chegaram ao Brasil no dia 3. A partir do próximo dia 23 está prevista a entrega de 3,4 milhões de doses, em oito entregas diárias de 426 mil. Com isso, a previsão é entregar só 30% das vacinas previstas para fevereiro no contrato. A mudança de planos motivou nova troca de farpas entre governo paulista e ministério.

O governo federal tem sido cobrado para aumentar a oferta de doses, ao mesmo tempo em que prefeituras anunciam interrupções nos planos de vacinação por causa da quantidade restrita de imunizantes. Após rejeitar ofertas de fabricantes com vacinas de alta eficácia, como a da farmacêutica americana Pfizer, a gestão Bolsonaro tem investido em negociações com laboratórios russo e indiano para a compra da Sputinik e da Covaxin, respectivamente. Esses dois produtos, porém, ainda não têm liberação de uso pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Na coletiva desta sexta-feira, 19, o diretor do Butantan, Dimas Covas, disse que o instituto enviou três ofícios ao ministério no ano passado oferecendo 160 milhões de doses da vacina. Segundo ele, a pasta ignorou todos.

“Vamos colocar a responsabilidade em quem tem responsabilidade. Estão aqui os ofícios que foram encaminhados ao Ministério da Saúde ofertando vacinas”, disse Covas.

O primeiro foi enviado em 30 de julho de 2020. “Ofertamos nessa oportunidade 60 milhões de doses de vacinas prontas para entrega ainda em 2020 e 100 milhões para serem entregues em 2021. Não tivemos resposta”, acrescentou o diretor. Ele afirmou também que novos ofícios foram enviados em outubro e dezembro e também não tiveram retorno. “A resposta saiu na assinatura do contrato, em 7 de janeiro. Um mês e pouco atrás foi quando assinamos o contrato com o ministério”

(Publicado originalmente no blog Vencer Limites, do Jornal O Estadão, e postado aqui com autorização do autor, Luiz Alexandre Souza Ventura)