Atividades sensoriais aproximam alunos com deficiência visual do universo literário

Compartilhar no facebook
Compartilhar no twitter
Compartilhar no linkedin
Compartilhar no email
demonstração

A literatura vai muito além das páginas de um livro. Ela afeta a mente e o espírito, estimula os sentidos e se molda a diferentes formatos e linguagens.
Foi a partir dessa percepção que a equipe da Rede de Leitura Inclusiva da Fundação Dorina Nowill para Cegos, com o apoio do SENAC Tiradentes, SENAC ACLIMAÇÃO e Museu de Arte Sacra organizaram, no dia 27 de abril, um encontro com atividades sensoriais para alunos com deficiência visual do Colégio Vicentino Padre Chico. Promovido como parte da Semana SENAC de Leitura – uma ação desenvolvida em todas as unidades do SENAC do Estado de São Paulo e que, este ano, adotou como temática “Livros que viraram filmes” -, o encontro teve como foco o livro Capitães de Areia, publicado por Jorge Amado em 1939, e adaptado para o cinema pela neta, Cecília Amado, em 2011.
Com essa proposta, a visita dos alunos começou com uma roda de conversa dedicada à obra de Amado. Em seguida, os estudantes foram conduzidos a uma sala com cerca de cinco metros quadrados, na qual um dos cenários do filme foi reconstruído para que os jovens com deficiência visual o explorassem com os demais sentidos.
“Os alunos com algum resquício visual vendaram os olhos.”, explica a pedagoga e bibliotecária do SENAC Tiradentes, Adriana Rafael Pinto. Para a educadora, a parceria com a Fundação Dorina não é novidade, estando à frente de atividades anuais de inclusão entre as instituições desde 2015. “Eles cheiraram o perfume das rosas, tocaram composições de renda em alusão à saia típica das baianas e sentiram um chão de palha debaixo dos pés.”, conta Adriana.
Para um dos estudantes do Colégio Vicentino Padre Chico, a experiência foi uma grande aventura. “A sala tinha tantos cheiros, sons e coisas pra tocar… Nunca tinha entrado em um lugar assim. Fui percebendo que tudo naquela sala fazia parte da história Capitães de Areia.”, relata.
Além da visão
A experiência dos alunos, porém, não terminou aí. Eles também visitaram o Museu de Arte Sacra, que abriga objetos religiosos de valor estético e histórico. Educador no museu há nove anos, Anderson Shimamoto foi um dos profissionais responsáveis por receber e guiar os estudantes durante o passeio. Como o acervo, que inclui pinturas, prataria e ornamentos diversos, não pode ser tocado em prol da preservação dos materiais, Shimamoto e os demais educadores descreveram as peças para os visitantes, além de situar cada uma historicamente. Não foi tudo, porém. “O museu possui maquetes e réplicas táteis de algumas peças e os alunos também puderam interagir com elas. Todos têm direito a uma experiência plena a partir das suas capacidades, é só uma questão de adaptar a proposta.”, declara Shimamoto.